Educativo
ESCOLAS, MEMÓRIAS E PERTENCIMENTO
Após 12 anos de estrada, no ano de 2024, expandimos nossas frentes de atuação agora tendo o organismo escola como ponto de partida. Uma escola é construída por memórias. Ao pisar no território escolar, somos invadidos por uma série de lembranças que compõem o muito da história que carregamos ao longo da vida. É lá, no chão da escola, que descobrimos que o mundo não é feito por pessoas iguais a nós mesmos e o quanto isso é importante. Que aprendemos que, muito além das disciplinas obrigatórias, a construção do saber escorre por linhas escritas pelas narrativas vividas, para além do quadro e do giz. Que os sonhos de um futuro possível possam se concretizar ou se esvair pelo ralo do desânimo e do não se encontrar, do não pertencer.
Diante de um mundo cada dia mais conectado, com a sensação de uma temporalidade espremida entre tantas demandas cotidianas e urgentes, propomos uma intervenção nos espaços escolares como um convite a novos olhares. Criamos então a vertente Moradores l Educação, que apresenta a possibilidade do resgate e da escuta de memórias potentes, capazes de gerar transformações significativas e estruturantes, tanto dos espaços escolares quanto das vidas que dele se compõem.
Nesta frente de atuação trabalhamos com a seguinte costura de conceitos:
CONCEITO
ARTE EDUCAÇÃO
O conceito de Arte Educação levantado neste programa tem a área como categoria autônoma intrinsecamente ligada à cultura. Por meio da arte, as ações educativas em instituições culturais e educacionais visam o desenvolvimento humano, assegurando o pleno exercício dos direitos culturais e das intencionalidades que norteiam as ações culturais e educacionais nestes espaços. Reconhecer a importância da Arte Educação enquanto área de conhecimento que tem a mediação como ação formativa e dialógica, é um dos pontos cruciais deste projeto.

CONCEITO
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
A Educação Patrimonial é um meio de interpretação das diversidades culturais que possibilita que os indivíduos inseridos em suas comunidades, possam produzir leituras e conexões entre o universo sociocultural e sua trajetória histórico-temporal. A partir desse conhecimento enquanto processo educativo, é possível se apropriar da potência da sua herança cultural, compreendendo a importância de conservar e fazer uso consciente dos bens individuais e coletivos num constante espiral de novas produções de conhecimento.

CONCEITO
TECNOLOGIA SOCIAL
Apresentar soluções para os problemas existentes em nosso dia a dia. Se pudéssemos resumir o conceito de tecnologia social, poderíamos começar desse ponto de partida. Um conjunto de técnicas e metodologias para produzir conhecimentos transformadores e de fácil aplicação pela própria comunidade. Apresenta característica participativa e se baseia nas soluções sociais.

CONCEITO
MEDIAÇÃO CULTURAL
O campo da Arte Educação traz a mediação como conceito estruturante e ferramenta prática de trabalho, aqui percebida como processo de construção de relações cognitivas, sociais e afetivas entre o repertório individual e as expressões artístico-culturais. No exercício diário da mediação, que deve ir além dos métodos tecnicistas das linguagens e dos códigos formalistas já estabelecidos, é pertinente equacionar de forma estratégica o conhecimento produzido e oferecido nas artes e potencializar a participação autônoma das pessoas. Dessa forma, é possível dialogar com as percepções dos interlocutores e com os seus sentidos, criando possibilidades de relação e interação com a arte e a cultura. A mediação consiste num conjunto de ações caracterizadas pela intervenção de um agente dotado de métodos e técnicas específicas que visam estimular a formação de públicos através da aproximação, da experiência estética e reflexiva.

CONCEITO
MEMÓRIA
No ensaio denominado Matéria e Memória do filósofo francês Henri Bergson publicado no ano de 1896, é possível conectar o conceito de memória a partir das imagens. Esse conjunto de imagens é produzido de dentro pra fora, do mundo interior para o exterior. Essa construção vai se constituindo, contudo, em detrimento da percepção, que se caracteriza inicialmente em duas linhas: a percepção como um interesse inteiramente especulativo e a percepção enquanto conhecimento puro. A valorização de uma história construída por sujeitos que, a partir do individual, podem coletivizar vivências e novos olhares para um lugar que se transforma a cada dia: a cidade e a memória enquanto função social. A discussão intrínseca sobre a memória é um campo complexo e não é nosso objetivo aprofundar enquanto proposta educativa, porém, a linha que tange a discussão sobre o limiar da memória individual e coletiva é parte estruturante do projeto Moradores.
A construção de um lugar depende exclusivamente dos sujeitos que habitam tal espaço, independente do que se projete para o futuro, tendo em vista que um lugar nada mais é do que o conjunto de memórias individuais e coletivas em determinado tempo e espaço. É da percepção do presente que parte o chamado ao qual a lembrança responde e, portanto, apresentamos duas memórias: a memória-hábito, que é adquirida pelo esforço e pela repetição realizada em nosso dia-a-dia e a imagem-lembrança que nada mais é que algo irreversível, singular e único. Essas duas memórias estão presentes em cada ser como um portal que nos liga ao passado e ao presente. Dessa maneira, somos parte de um conjunto que se completa a partir dos momentos em que essas memórias são compartilhadas.

CONCEITO
MOBILIDADE HUMANA
Você sabe a diferença entre mobilidade urbana e mobilidade humana? Enquanto uma cria condições para que as pessoas possam transitar pelas cidades com mais facilidade, tendo como ponto de partida os meios de transporte e as vias, a outra traz o ser humano como ponto central fundamental dessa história. Nesse sentido, as perspectivas físicas desse corpo na cidade importam; sua história, questões políticas, aspectos culturais e geográficos.

Os conceitos apresentados podem ser trabalhados, costurados e desconstruídos em diversas etapas do projeto. Sendo apenas fio condutor para conversas com as comunidades escolares a fim de contextualizar a sua importância. Acreditamos no potencial imagético da cidade, das escolas e sua potencialidade enquanto lugar de transformação social e processos de arte educação. Suas raízes, sujeitos que ali passam, entram, saem e dão significados à sua existência. O território escolar como espaço criativo e do qual precisamos pedir licença pra chegar.
MORADORES E BNCC
Nossa nova frente se relaciona com as competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Citamos as conexões relevantes que levam em consideração o desenvolvimento de uma série de habilidades que precisam ser trabalhadas em todas as escolas. Ao definir essas competências, a BNCC reconhece que a “educação deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a preservação da natureza” (BRASIL, 2013), mostrando-se também alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
MORADORES E BNCC
COMPETÊNCIA 1
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
Buscamos empoderar a comunidade escolar, promovendo o compartilhamento de suas memórias. Sendo assim, o trabalho enfatiza a importância de se valorizar os conhecimentos legitimados pela comunidade escolar, entendendo a realidade que se constitui, colaborando com a construção de uma sociedade mais justa. Além disso, o Projeto destaca a importância do orgulho que a comunidade escolar pode apresentar pela própria história e da ligação com o local de pertencimento.
MORADORES E BNCC
COMPETÊNCIA 2
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para analisar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
Compartilhamos memórias como um meio de fomentar a curiosidade das pessoas sobre sua própria história e a história da comunidade. Dessa forma,o projeto envolve a reflexão e análise crítica das experiências vividas no território escolar buscando o enfrentamento dos desafios como a falta de pertencimento e a obsolescência do modelo pedagógico, promovendo soluções criativas e integradoras que envolvam a comunidade. Ao abordar a história e as memórias da escola, o Projeto cria um espaço onde toda a comunidade pode imaginar e formular novas narrativas, alinhando-se à ideia de usar a criatividade e a imaginação para transformar sua realidade.
MORADORES E BNCC
COMPETÊNCIA 3
Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico cultural.
Utilizamos a arte e a cultura como ferramentas de engajamento e busca para despertar o orgulho pela própria história da comunidade escolar, incentivando a valorização das expressões culturais locais promovendo o encontro de memórias, que podem incluir diversas formas de expressão artística (como fotografia, literatura e audiovisual). Dar ênfase às linguagens e narrativas que estejam alinhadas com a cultura juvenil é crucial. Ao integrar manifestações artísticas no contexto escolar, o Projeto aborda a necessidade de se superar a desconexão mencionada na crise educacional.
MORADORES E BNCC
COMPETÊNCIA 7
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Ao promover o resgate de memórias e histórias da comunidade, nosso projeto ajuda a valorizar a relação entre a história pessoal e coletiva e, ao mesmo tempo, incentiva a todos a se posicionarem de maneira ética em relação ao autocuidado, cuidado com os outros e com o meio ambiente.
MORADORES E BNCC
COMPETÊNCIA 8
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
É urgente que haja uma abordagem educacional capaz de integrar o pertencimento emocional, o autoconhecimento e a valorização da diversidade como pilares fundamentais para enfrentar a crise educacional no Brasil. O Projeto Moradores | Educação, ao conectar as histórias e as memórias ao ambiente escolar, alinha-se aos princípios da Competência 8, que busca desenvolver em todos os envolvidos a capacidade de conhecer-se, valorizar-se e cuidar de suas emoções e das dos outros. Isso promove uma educação mais humanizada, voltada para o bem-estar emocional e a construção de uma comunidade escolar mais coesa e inclusiva.
MORADORES E BNCC
COMPETÊNCIA 9
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
Incentivamos a troca de memórias e histórias, atua como um meio para fortalecer os laços entre os estudantes, a escola e toda a comunidade do entorno, criando um ambiente onde os princípios da Competência 9 — empatia, respeito, acolhimento e valorização da diversidade — podem ser praticados de forma concreta. Isso contribui para a formação de uma comunidade escolar mais unida, onde o respeito aos direitos humanos e à diversidade é uma prioridade.
MORADORES E BNCC
COMPETÊNCIA 10
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Atuamos como uma ferramenta para empoderar a comunidade educativa, incentivando-os a se conectarem com sua própria história e com a escola, na medida em que as narrativas individuais são valorizadas e o senso de pertencimento é fortalecido. Ao incentivar a autonomia e a responsabilidade no ambiente escolar é possível oferecer à comunidade oportunidades para a tomada de decisões éticas e inclusivas em suas vidas pessoais e coletivas.
ESCOLAS E OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Apresentamos uma abordagem focada na memória social, nas artes integradas e na educação patrimonial, promovendo ações que geram pertencimento e valorização do ambiente escolar. Sendo assim, é possível estabelecer relação da proposta com alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Ao integrar memórias e histórias pessoais com a vida escolar, construímos uma base sólida para uma educação transformadora e sustentável, onde a escola é vista não apenas como um espaço de aprendizado formal, mas também como um patrimônio vivo e coletivo.
ODS 4: Educação de Qualidade
Garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
Valorizar a escola como patrimônio e fortalecer os vínculos entre a comunidade escolar (professores, servidores, estudantes, famílias e comunidade ao entorno) e a unidade escolar é um dos nossos focos de trabalho. Essa proposta, que envolve a reminiscência de histórias pessoais e coletivas através de artes integradas, estimula a percepção do espaço escolar como um ambiente significativo e educativo. Isso contribui para uma educação mais inclusiva, que valoriza a história e cultura da comunidade, aspectos fundamentais da educação para o desenvolvimento sustentável.
ODS 8: Trabalho Decente e Crescimento Econômico
Promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos.
Acreditamos que a relação entre ambiente escolar e o pertencimento, pode ajudar a combater a evasão escolar, que está ligada à desmotivação e desconexão dos estudantes com a escola. Ao gerar um ambiente mais engajador e significativo, com maior interação entre comunidade e escola, há um potencial de redução do abandono escolar e manutenção dos jovens no sistema educacional, proporcionando-lhes melhores oportunidades de formação e emprego no futuro.
ODS 10: Redução das Desigualdades
Reduzir as desigualdades no interior dos países e entre países.
Ao estimular a interação entre professores, servidores, estudantes, suas famílias e comunidade do entorno por meio da construção e elaboração de memórias e histórias, promovemos inclusão social. Ao envolver a comunidade escolar em atividades que reconhecem e valorizam as diferentes trajetórias e histórias de vida de cada indivíduo, reforça o senso de pertencimento e respeito pela diversidade. Essa abordagem acaba por impulsionar a integração e valorização de todos, independentemente de sua origem ou condição social.
ODS 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis
Tornar as cidades e comunidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.
Acreditamos na educação patrimonial, que envolve o reconhecimento da escola como um bem cultural e social a ser preservado. Ao gerar essa valorização, promove-se a conservação do patrimônio, tanto em termos físicos quanto imateriais (memórias e histórias). Dessa forma, o Projeto está alinhado com o objetivo de fortalecer a proteção do patrimônio cultural da comunidade e da escola, criando uma consciência coletiva sobre a importância de cuidar e valorizar esses espaços.
ODS 16: Paz, Justiça e Instituições Eficazes
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis.
O envolvimento ativo da comunidade escolar no processo de rememoração e valorização da escola como patrimônio estimula um ambiente de participação e inclusão. Ao incentivar a participação de diferentes vozes — de estudantes, professores, servidores e famílias — na construção e preservação desse patrimônio, fomentamos possíveis tomadas de decisão mais inclusivas e democráticas dentro do espaço escolar, promovendo um sentido mais profundo de pertencimento e responsabilidade coletiva.
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